sábado, 15 de setembro de 2012

Intertexto - Maiakovski, Berthold Brecht, Martin Niemöller...

imagem daqui
 
 
Maiakovski - Poeta russo "suicidado" após a revolução de Lenin, escreveu, ainda no início do século XX :
"Na primeira noite, eles se aproximam e colhem uma flor de nosso jardim.
E não dizemos nada.

Na segunda noite, já não se escondem, pisam as flores, matam nosso cão.
E não dizemos nada.

Até que um dia, o mais frágil deles, entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.

E porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada."


Depois de Maiakovski…
"Primeiro levaram os negros

Mas não me importei com isso
Eu não era negro 
 
Em seguida levaram alguns operários

Mas não me importei com isso
Eu também não era operário 
 
Depois prenderam os miseráveis

Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável 
 
Depois agarraram uns desempregados

Mas como tenho meu emprego

Também não me importei  
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo."
Bertold Brecht (1898-1956)
"Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu.
Como não sou judeu, não me incomodei.
No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista.
Como não sou comunista, não me incomodei . 
 
No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico.
Como não sou católico, não me incomodei.
 
No quarto dia, vieram e me levaram;
já não havia mais ninguém para reclamar..."
 

Martin Niemöller, 1933 - símbolo da resistência aos nazistas.
"Primeiro eles roubaram nos sinais, mas não fui eu a vítima,

Depois incendiaram os autocarros, mas eu não estava neles;

Depois fecharam ruas, onde não moro; 

Fecharam então o portão do bairro da lata, que não habito;
Em seguida arrastaram até a morte uma criança, que não era meu filho..."

O que os outros disseram, foi depois de ler Maiakovski. Incrível é que, após mais de cem anos, ainda nos encontremos tão desamparados, inertes, e submetidos aos caprichos da ruína moral dos poderes governantes, que vampirizam as finanças, aniquilam as instituições, e deixam aos cidadãos os ossos roídos e o direito ao silêncio, porque a palavra, há muito se tornou inútil…
 

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